17 de nov. de 2010

Negro não é cor: negro é raça

Dia 20 de novembro comemoramos o dia nacional da consciência negra. Dia para se parar, pensar e refletir sobre a questão da negritude no Brasil. 
Garimpamos da Revista Raça Brasil, a entrevista de cinco jovens que deram sua opinião sobre o fenômeno da negritude estar ou não associado à cor da pele. 
Leia o que esses jovens pensam sobre este assunto:
Vanessa - Cor da pele não interfere na sua raça. Tenho a pele clara, mas meus bisavós maternos e paternos são negros, por isso falo que sou negra...
Há quatro anos me assumi como negra, por minhas características, cabelo crespo, nariz que não é tão fino, por gostar da cultura negra, por freqüentar lugares black onde 99% são negros. No programa do Netinho [Domingo da Gente], no concurso da mais bela negra, vi uma das meninas, de pele clara, com cabelo crespo. Até comentei com a minha mãe: "então, eu sou negra, eu posso me posicionar como negra". Ela disse para parar, porque eu era branca.

Jarbas - O Brasil é miscigenado. O problema no Brasil é que, politicamente, ser negro é ser inferior, basta ver o depoimento do Ronaldinho [afirmou que não era negro]. Uma criança negra que está sofrendo este primeiro tipo de preconceito também vai querer fazer de tudo para não se sentir negra, porque o ídolo dela não se sente negro. É frustrante, principalmente porque vem de quem poderia dar o exemplo...

Denise - A questão da negritude não está só na cor da pele, está muito mais enraizada nos nossos genes. Muitas pessoas não têm consciência disso. Elas acham que é só a cor da pele que define o ser negro. Somos uns miscegenados. Não tem como negar, nossas raízes, nossa genética, não tem como negar...
Quando me aceitei como negra, fiquei mais feliz. Passei a aceitar meu cabelo. Usava cabelo preso ou curto, porque achava horroroso. Agora comecei a usá-lo solto, tomei consciência de que tenho lábios grossos, quadris largos. Acho que foi com a idade. Antes, eu me achava feia. Tentava me esconder. Passei anos lutando contra isso.
...Quando eu falo que sou negra, dizem que não sou. Às vezes, os próprios negros não se chamam de negros. Passam na rua e dizem: "e aí morena". Que é isso?! Eu não sou morena, sou negra. Nunca ouvi alguém dizer: "nossa, que negra linda que você é!" É um absurdo.

Evânio - A questão da negritude é a de assumir-se negro, identificar-se negro, sentir-se negro. É mais reconhecer-se, independentemente da cor da pele. Por que eu posso me assumir negro, embora não seja preto. Sou de uma família numerosa. Sou o mais negro. Tenho cabelos crespos, olhos puxados. O negro nem era considerado gente. Um dia nos deram a liberdade, deixaram-nos na rua e não nos deram escolas nem oportunidade.

Emerson - Muitos acham que, ser negro ou não, funciona de acordo com a cor da pele. A miscigenação é importante. Mas, como o Evânio falou, a condição de ser ou não ser negro é muito individual. A gente tem que se identificar com a cor, tem que se identificar com o que é ser negro, que é algo que vai muito além da cor da pele. É uma questão de coragem e de opinião. Ser negro envolve cultura, antepassados, envolve atitude, coragem, o ato de se autodeclarar negro.
 ...na sala em que estudo, somos só dois negros entre 80 alunos. Me vejo capaz. Não me escondo por ser negro, nem tenho medo de errar. Dou a cara para bater. Ele [seu pai]sempre ensinou que a gente tinha que batalhar.

E você qual sua opinião sobre este tema? Você se assume como negro? Dê seu depoimento.
Crédito da imagem: Profa. Maria Monteiro, da Escola Municipal Sílvio Nascimento

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